Dia de Finados
O Dia de Finados é um momento especial para relembrar a memória dos entes queridos que já partiram e refletir sobre as diversas manifestações culturais e religiosas que essa data evoca ao redor do mundo. Para muitos, essa lembrança pode trazer à tona sentimento de tristeza, solidão e arrependimento. Por isso, é essencial acolher as emoções que surgem nesse dia, permitindo-nos sentir e compartilhar nossas experiências.
Em 2018, tive a oportunidade de vivenciar o Dia de Finados na América Central durante uma experiência de voluntariado internacional. Fiquei profundamente impressionado com a maneira vibrante como essa data é celebrada nos países dessa região, em contraste com a abordagem mais introspectiva e carregada de tristeza que observei no Brasil.
Na América Central, o Dia de Finados é um verdadeiro tributo à vida dos que partiram. As famílias se reúnem em suas casas ou nos cemitérios, não apenas para recordar, mas para celebrar as memórias que guardam em seus corações. Preparam os pratos preferidos dos falecidos, acendem velas e lanternas, e cantam músicas que resgatam histórias e emoções, criando um ambiente de saudade regado de amor.
No México, por exemplo, a celebração do Dia dos Mortos é marcada por desfiles, fantasias e quitutes que preenchem os cemitérios de alegria e recordações. Já no Japão, a festividade se estende por três dias, reunindo famílias em preparativos para receber as almas dos entes queridos, com tradições que incluem a limpeza de lápides e a iluminação de velas em casas, ruas e lagos, orientando o caminho das almas.
Acredito que em diferentes partes do mundo existem maneiras singulares de vivenciar esse dia. No entanto, penso que o mais importante para se vivenciar esse dia é o acolhimento de nossas emoções, sentimentos e memórias com ternura e generosidade, tanto em relação a nós mesmos quanto aos outros que nos cercam. Para alguns, essa data pode intensificar a dor da perda e reviver o luto pela separação de um ente querido.
Assim, ao acolhermos nossos sentimentos, podemos transformar a tristeza em saudade e a dor em oportunidades de eternizar aqueles que amamos em nossos corações. A Sagrada Escritura nos convida a manter a esperança nas palavras de Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá" (João 11,25). Apesar das diferentes bases religiosas e culturais que cada um carrega, este dia nos convida a recordar os que partiram e a refletir sobre a finitude da vida, valorizando cada momento, cada pessoa e aquilo que realmente importa. Inspirados em Marello, somos convidados a viver cada dia no amor, pois somente o amor é capaz de dar sentido à vida e a morte.
Sidnei Evangelista / Pastoral Colégio Bagozzi