Mensagem Pedagógica - Março

20/03/2017

A educação pelo exemplo

Há poucos dias, uma revista de circulação nacional trouxe à tona um tema curioso: o alto índice de jovens asiáticos que estudam nas universidades brasileiras e que estão nos cargos de direção das grandes empresas. Dentre outras informações, a publicação revela que parte do segredo para a vida estudantil e profissional bem-sucedida das crianças e dos jovens orientais estava não apenas na dedicação aos estudos, mas no incentivo e nos exemplos que recebiam dos pais. Trata-se de um assunto que exige uma reflexão mais do que necessária para todos nós, ocidentais, que geralmente não nos damos conta da força exercida pela família na formação dos filhos.

O mesmo mecanismo positivo de educação pelo exemplo acontece com relação ao índice de leitura de crianças cujos pais já são leitores assíduos. Estudos comprovam que filhos acostumados a ver os pais lendo livros, revistas ou jornais têm mais chance de desenvolver o hábito da leitura. Foi o que aconteceu com a renomada escritora de obras infanto-juvenis Ruth Rocha. Certa vez, a autora de “Marcelo, Marmelo, Martelo” afirmou em entrevista que tanto ela quanto os irmãos cresceram vendo os pais lendo, todos os dias, por horas a fio.   Só restou à Ruth e aos irmãos acreditar que ler deveria ser mesmo algo maravilhoso. Não fosse assim, certamente seus pais não deixariam de passar mais tempo com eles para ficar em companhia dos livros. O resultado foi a consolidação de uma família de leitores que gerou uma das escritoras mais importantes do país.

Infelizmente, o mesmo ritual de assimilação também ocorre no que se refere às práticas e exemplos negativos. Se a criança cresce em um lar onde predomina a violência, os maus-tratos e a ausência de respeito ao próximo, certamente ela terá dificuldades de construir, para a sua própria vida, cenários distantes dessa realidade. A Igreja Católica, por meio das atividades da Pastoral da Criança em 1999, já lançou luzes sobre essa questão quando estabeleceu uma campanha nacional intitulada “A Paz começa em Casa”. A iniciativa envolvia mais de 30 mil comunidades organizadas em três mil municípios de todos os estados brasileiros. O objetivo foi mobilizar cerca de 120 mil voluntários que acompanhavam mais de 1,3 milhão de crianças e 60 mil gestantes por mês para a situação da violência doméstica.

Propagação de uma cultura da paz, amor pela leitura, pela educação, consciência sobre a importância da tolerância e da cidadania… Temas e conceitos com os quais crianças e jovens deveriam começar a ter contato no ambiente familiar.

O certo seria que à escola,  deve ser sempre considerada como um segundo lar, coubesse a função de ampliar e desenvolver de forma mais abrangente o que já deveria ser iniciado em casa. A realidade nos mostra que, não raro, as instituições de ensino têm de plantar sementes, quando, na verdade, teriam apenas de regá-las, adubá-las. Ainda assim, nem todas as crianças têm a sorte de  não vivenciando o básico em casa          ter acesso às escolas. No Brasil, desde a década de 90, muito se tem feito no sentido de oferecer às crianças o direito fundamental à educação escolar. Porém, de acordo com dados da Unicef, em todo o mundo, no ano de 2003, cerca de 123 milhões de crianças ainda não tinham acesso às salas de aula.

Para todos esses meninos e meninas, o seio familiar seria o único meio de adquirir alguma educação, alguma consciência sobre o que é o bem e sobre a enorme falta que ele tem feito no mundo. Mas… e nós? Que exemplo nossas famílias têm dado aos pequenos, às novas gerações? Será que nossas crianças nos vêem praticando a solidariedade, perdoando, amando de forma incondicional? Que ensinamentos e sementes iremos deixar aos nossos filhos, sobrinhos, netos? Perguntas como essas precisam nos acompanhar todos os dias, de modo que possamos praticar, sempre, a mais eficaz forma de educação. A educação pelo exemplo.

 

 

Fonte: http://formacao.cancaonova.com/diversos/a-educacao-pelo-exemplo/